21/08/2011

diário-poema dos poemas diários.

hoje eu
acordei
sem olhos.

me sinto tão
insolitamente sólido
que o chão
está coberto
de cinzas.

e o pobre tapete
chamusca!
chamusca!
chamusca!?

levantei
com a mente
vagando como
ventanias
soltas
há dois mil
e tantos ("mais!")
- muito mais! -
quilômetros daqui.

o sol se mostra compreensivo.

sinto que nada
(nem tudo)
desanuviará
o sol
desta manhã.
mesmo
que
a mesma
seja
tão escaldante
quanto
o vôo
(desalado)
de um falcão
desalmado.

tudo tão pequeno!

venta.

o calor e
o ventilador
deslizam
- conspiradores sarcásticos -
com louvor.

por hoje,
("milagre!")
o salvador
de todas
as pátrias
equatoriânicas
descansa.

porém,
logo
a pele
começará
a ser
insultada
pelo sol
angustiado
por
auto-afirmação.

sim,
sei que sim.
até o céu anda
uivando
com a
- (in)color(ida) -
indecisão solar.

tudo
insiste em
se dissolver
e desviver
como a âncora
que - ainda -
não pode
ser arrancada
da terra.

é como se
uma enorme
e amarelada
nuvem de areia
penetrasse
- e fixasse residência -
em meu peito.
expandindo
e explodindo;
cacos e pedras.

mas
em breve
o sol
se acanhará
e vestirá
cinza
quando
se daparar
com a luz
que foge da
chama crepusculosa
que
a vermelhidão
costuma emanar
com
tamanho
(lindo) desplante.

e,
com
a vermelhidão,
virá
a noite.

noite que sabe,
que desconhece,
que aprende
e que prende
e que apreende.
noite que
cochila observando,
que manipula
com assobios
e sopros
displiscentes.
noite que
sempre mata,
mas nunca
queima.
noite que
nunca dorme,
afinal.

e depois,
- sempre com o "des"
correndo atrás -
virá o
contentamento.