em plen'alvorada
de mais um algarismo
morto,
o vento rechaça
às velas
e segue tenaz a guiar o
milésimo-trecentésimo-vigésimo-segundo
navio
na direção oposta
à ressaca do
décimo-terceiro mar.
e escarlate do céu vai
de presságio a ferida,
sangrando e perdendo
a temperatura;
despigmentando-se,
pálido,
como assim fosse a cura.
não há bússola;
não há mapa;
não há rumo.
a madeira limosa do
convés escorregadio;
o tecido lacerado das
velas brazentas;
o amantilho esticado que
quase arrebenta;
marujos e
capitão,
amotinados ou não:
todos esperam pela
iminente abalroação.
e que seja breve!
e que seja intensa!
que o impacto
dos navios abatidos
e sua força imensa
causem a greve,
a fúria fundomarítima;
e que o sorvedouro que vier
absorva,
faminto,
à próxima vítima,
cuspindo-a intacta,
de medos despidos,
bem longe do abismo
e do meio-amanhã
duradouro
que antecede
este rubro
algarismo...


