vinte e cinco ciclos d'escarlarte a derramar
nos olhos brancos de um mundo em extinção;
vi-te e sigo cínico ao contraste a me rodear,
teus polos tantos têm no fundo explicação:
é que vives de(s)encantos oriundos da mania
de pintar de luz do dia o céu de um anoitecer.
e ao partires do recanto, num segundo poesia
vira pranto; mas a tinta no pincel há de viver!
inda que sangrando,—que bem se sabe a cor
segues empurrando alegorias n'avenida treze;
vermelho sobrando,—que advém do dessabor
porém castanho como um dia que envelhece;
sabe-se, no entanto, qu'esse dia, sem depois,
ainda banho a poesia, três anos desde o 22.


