nunca passe muito tempo sem contemplar o sol, teus olhos enferrujarão e se quebrarão ao se deparar com a beleza de tamanha claridade quando, rebelde, ele resolver aparecer no meio da noite longa e escura, queimando e cintilando como jamais antes o fez, ofuscando tudo que antes pensavas brilhante. a penumbra pode ser fria o suficiente pra amedrontar até o mais livre dos seres, porém, quando surgir a estrela maior, dispa-se dos teus receios e abrace-a com toda força que puder, as queimaduras iniciais não serão nada perto da incompletude que a teimosia em esquivar-se de seus raios poderá trazer.
não se defenda, também, da vontade de dizer ao nascente o quão belo é seu espetáculo, e/ou o quão naturalmente fácil é tornar-se, num segundo, heliocentrista. viva tão intensamente esse momento quanto queima o sol a pino, pois quando for chegada a hora dele tornar-se poente, a despedida virá com a certeza que de manhã ele volta ainda mais deslumbrante...
"meu sol" me ensinou muito rapidamente que seu calor só machuca quando não é absorvido totalmente.
volta, sol, te (a)colherei do céu com zelo condizente à dimensão da tua força tão crescente, e quando tu se pôr pra iluminar o hemisfério de outros continentes, esperarei pacientemente e terei força o suficiente pra enfrentar à noite que não se contenta em me ver contente.
e obrigado por (re)florescer meu jardim dormente. te quero e te espero consciente que és o centro do universo, que és regente da orquestra polivalente e mestre da bateria retumbante que em mim pulsa diariamente.


