05/07/2010

hoje eu acordei meio Bukowski

acordei com a cabeça explodindo;

parecia que eu, finalmente, tinha quebrado todos os recordes de filhadaputisse do mundo. chutei uma garrafa com a canela (merda!) quando levantei, e, paralelamente, - no quarto desgraçadamente escuro - saí tateando à procura da baga pela metade que tinha deixado em cima da mesa do computador, à espera da primeira ressaca.

ao acendê-la, logo percebi que deveria fazer muito tempo que eu havia caído no sono, aquilo tinha gosto de merda mofada e queimada. joguei fora a baga pré-histórica e me atirei na cama outra vez. fiquei ali, - um desgraçado ser lar, sem álcool, sem droga e sem uma máquina de escrever - olhando pro teto cheio de insetos e infiltrações. decidi que ficar ali parado me lamentando não resolveria merda nenhuma e, me levantei para procurar alguma garrafa composta com algo líquido. vi que meus esforços seriam em vão pois eu sempre bebo tudo o que há antes de deitar meu corpo moribundo e fodido em cima da minha cama toda comida pelas traças; resolvi sair pra rua.

sem qualquer tipo de papel ou cédula ou merda nenhuma de moeda no bolso, saí perambulando pela rua sangrenta, perpendicular à minha morte. entrei no primeiro boteco que avistei e pedi logo um martelinho. entornei-o com displiscência. já estava lá pelo vigésimo segundo mini-copo quando me lembrei de que não tinha nada, absolutamente nada com o que pagar o pobre dono do bar. me encaminhei pro banheiro e quando cheguei em frente à porta caí e regurgitei tudo o que restava do meu estômago. o barman ficou pasmo e enojado com a cena. e eu, sem força nem cu pra levantar e explicar a situação, permaneci ali nadando nas minhas próprias entranhas apodrecidas de medo e de trago.
o velho atrás do balcão, com pena ou seja lá o que for, me ajudou e levantar e me sentou num banco junto à caixa registradora. fiquei me sentindo como se todo o petróleo escuro e pastoso fluisse e viajasse pelas minhas veias.
olhei para o barman e vi,
como fosse real,
o demônio;
morri.