tocar o chão
e sentir as mãos
cobertas por uma substância viscosa
que impede a criação
de um leito frio e qualquer;
no desespero por de(le)itar-se.
esse é o
desfecho da noite.
esse é o
início do fim
que disseca uma alma
manchada pelo respingar
do sangue mund(hum)ano.
o verde é poeira
e a poeira já não é mais
visível.
a poeira
que invade o peito
infesta com o amarelar
que antecede a
descoloração inexorável
da (des)cobertura
da noite rubra, tão diáriamente esperada.
sem leito,
a procura por
suspensões
(ilusórias ou não)
se torna o único propósito.
e,
mesmo com aqueles
segundos de
(quase)
transcendência,
repetitivos e
incomensurávelmente anseados,
tudo,
tudo é tão incompleto
quando linhas em branco.
e, de insistente que é,
até da alvorada
- uma de suas
mais belas
óperas vermelhas
e luminescentes -
o dia resolve
abrir mão.
e então vem a
palidez dobrável
das tardes cinzas,
assumindo a regência do eterno derreter...


